"Alma e os Mistérios da Vida" de Luisa Castel-Branco

Sinopse:
A história de uma mulher invulgar num país mergulhado nas trevas da ditadura.
“Na noite em que nasceste, madrugada adentro, coisas estranhas aconteceram”. Começa assim a história de Alma. Depois dessa madrugada o destino da criança de cabelos cor de fogo estava traçado. Na pequena aldeia todos a olhavam, a menina especial como um ser estranho, rejeitada pelo povo e pela família, restava-lhe refugiar-se na Ti Efigénia, também ela isolada do resto das pessoas e considerada bruxa. Anos mais tarde a mãe de Alma, que a considerava uma inútil, envia-a para Lisboa como criada de servir. Na casa de Dona Sofia a menina de cabelos cor de fogo é acolhida e educada como a filha que Sofia não teve e pela primeira vez Alma sente-se amada e desejada. Alma vai estudar para Coimbra onde conhece os prazeres da vida académica, do sexo e Ricardo. Inesperadamente Sofia morre e Alma regressa a Lisboa. Para superar o desgosto muda-se para Paris, mas acaba por voltar à capital, reencontra Ricardo e, apesar do casamento deste, vivem uma relação proibida de onde nasce Pedro. Alma nunca revela a Ricardo que têm um filho, mas o destino encarrega-se de cruzar os caminhos de pai e filho.

A minha opinião:
Confesso que entrei nesta leitura um pouquinho de pé atrás. Numa altura em que "está na moda" figuras públicas lançarem livros, alguns deles com um défice de qualidade lastimável, foi com alguma desconfiança que peguei em "Alma e os Mistérios da Vida". Não fora a sua autora alguém que sempre me inspirou confiança e nem sequer lhe tinha dado hipótese.
Mas graças a Deus que o fiz! :)
Este livro é deveras uma maravilha!!!
Adorei a forma como está escrito. Impressionante a maneira como a autora consegue dividir a narração com uma das personagens.
A história é fantástica, faz-nos vibrar, faz-nos sorrir, faz-nos pensar, faz-nos chorar.
Saboreei esta leitura com muito prazer e fico ansiosamente à espera de outra publicação desta autora.
Muito obrigada Luísa Castel-Branco, pelas horas de puro prazer literário que são algo tão raro de encontrar a nível nacional!

Deixo aqui algumas passagens que são absolutamente deliciosas.

Pág. 50
(...) Porque a vida é apenas isto mesmo, um piscar dos olhos, o esvoaçar de um pássaro.
O amor quando vive numa casa, seja ela pobre ou rica, pega-se aos objectos, dá perfume aos sentimentos, dá doçura aos movimentos, ao passar dos anos. (...)

Pág. 55
(...) Perco-me no relato do que te quero contar, como se fizesse e desfizesse um bordado por engano no desenho.
Estou velha e cansada, e as memórias de uma vida inteira são tantas que as confundo, baralho, e salto de uma história de alguém para a de outra pessoa como as crianças quando saltitam nas pedras do charco ou brincam à macaca. Tanta coisa para te dizer, tanto para te contar.
Mas escrevo vagarosamente, o lápis risca a folha de linhas do caderno, cada vez com mais e mais força, conforme as horas vão passando. (...)

Pág. 63
(...)A minha querida mãe, que crescera envolta nos braços da morte e sobrevivera para contar, ensinara-me a amar as mais pequenas coisas, a vibrar com a cor de uma borboleta ou o pôr dp Sol no monte.
São estas pequenas coisas que edificam a alma de uma pessoa, como se de um castelo fosse. O amor é o cimento mais sólido para esta construção e ele dá-nos uma força superior a nós mesmos e à nossa circunstância.(...)


(E obrigada a ti, Bé, por esta oportunidade. Este é daqueles livrinhos que vou ter mesmo de comprar para a minha colecção pessoal! ;)
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