Opinião: "A Bastarda de Istambul" de Elif Shafak

"A Bastarda de Istambul" foi considerado um livro muito contorverso na Turquia, não obstante acabou por ser o livro mais vendido nesse país em 2006. A autora chegou mesmo a acusada por alegadas ofensas à comunidade turca, sendo as acusações posteriormente retiradas.
Depois de saber esta infromação, confesso que fiquei curiosa relativamente a este livro. Para além disso gosto de conhecer outros países e culturas através da leitura, por isso embarquei nesta viagem.

É notória a crítica aberta ao passado, relativamente ao genocídio arménio de 1915 e à mentalidade turca sobre este assunto (há quem admita que existiu, mas que não entenda porque os arménios não avançam e deixam o passado para trás, e há quem não admita que existiu o dito genocídio. Entretanto os arménios recusam-se a esquecer, assumindo-se como vítimas e passando essa "herança" aravés de gerações).

Bem, mas a história em si saltita não só entre o passado e o presente, mas entre dois continentes. No meio de tudo estão duas jovens, que sem o saber têm muito em comum, apesar de uma ser arménio-americana e a outra ser turca. É interessante a abordagem por vezes crua da autora relativamente à cidade de Istambul e aos seus habitantes, mas acabamos por encontrar ali um amor que só se encontra quando conhecemos algo extremamente bem, e aceitamos o seu lado positivo e negativo de igual modo.

A família de Asya vive em Istambul e é composta por sete mulheres, todas elas diferentes e algo peculiares. O lar Kazanci é como seria de esperar, uma loucura. Sete mulheres com sete diferentes pesonalidades e feitios, com idades igualmente diferentes e problemas por resolver entre si... Quer seja na Turquia ou em outro lado qualquer, esta casa teria de ser sempre uma complicação! Mas Asya, de uma forma algo atribulada vai vivendo calmamente a sua adolescência.
Do outro lado do mundo uma outra jovem, Armamoush, saltita entre culturas. Por um lado tem a família arménia do lado pai, que apesar de instalada há muitas décadas nos EUA mantém vivas as suas tradições e costumes. E do outro lado tem a sua mãe, uma típica americana, que casou pela segunda vez com um turco - Mustafa - o irmão há muito emigrado das irmãs Kasanci. (!)

Colocadas as personagens em ordem, entra o enredo em ação e é a confusão total. lol 
Mas a autora acaba por conseguir manter a ordem. Tendo como pano de fundo o antigo conflito ArmenioTurco, vamos conhecendo um pouco da cultura arménia e da cultura turca, que afinal têm muita coisa em comum. No entanto, há mais para lá do que se alcança à primeira vista. Existem segredos que envolvem as duas famílias, e influenciam eventos passados e futuros, e a leitura torna-se ainda mais apetitosa.

Gostei imenso e sinceramente gostava de poder ler algo mais desta autora. Quer-me parecer que foi uma boa aposta da Jacarandá. :)

Para mais informações queiram consultar a página do livro no site da Editorial Presença » aqui.
Em www.bertrand.pt

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