À conversa com... Luísa Castel-Branco

Há uns tempos, e por cortesia do Clube do Autor, tive a extraordinária oportunidade de estar à conversa com uma das minhas autoras favoritas, Luísa Castel Branco. A sua personalidade esfuziante conquistou-me tanto a sua escrita me havia conquistado. Foi uma honra falar com ela. 

Partilho agora convosco esta pequena entrevista que vos deixará a conhecer um pouco melhor a autora de "Alma e os Mistérios da Vida", "Em Nome do Filho" e "Estranho Lugar para Amar", entre outros. Espero que gostem. E se ainda não conhecem a sua escrita, aconselho-vos a não perder tempo e a mergulhar nas suas obras.

Como lhe surgiu a ideia para a história de Alma, a sua menina de cabelos vermelhos?
Não faço a mínima ideia. Este foi o meu primeiro romance e não o escrevi pensando alguma vez que tal seria possível. Simplesmente fui escrevendo e escrevendo o que me ia na alma, na cabeça, no coração. Quando finalmente falei com o editor e lhe disse que tinha uma coisa para ele ler, já tinha escrito mais de 180.000 caracteres. Nunca acreditei que fosse capaz de escrever um romance. Por isso fiquei espantada com a reação dele e continuei a escrever da mesma forma.
É engraçado. Aprendemos como se deve escrever um livro. As regras. As fórmulas corretas. Mas eu fiz e ainda faço tudo ao contrário. Tenho uma forma indisciplinada de escrever e que mais não é que um retrato de mim mesma.
Este livro tem muitas memórias da minha infância e juventude. Todas ficcionadas mas estão lá e eu só dei por isso quando o terminei.

Sobre este seu último livro, "Estranho Lugar para Amar" pode partilhar conosco algo especial?
Foi um livro difícil de escrever porque tinha que estar muito atenta aos factos que tinha pesquisado. Quando escrevemos sobre algo que aconteceu mas simultaneamente mergulhamos num outro mundo paralelo e imaginário torna-se complicado não perder o fio à meada.
Mas foi um desafio muito estimulante.

De onde lhe surge a inspiração para as várias histórias que escreve? Aparece-lhe primeiro a ideia para o enredo ou as personagens?
A maior parte das vezes são as personagens que vêm ter comigo. Alguém que vi na rua. Um olhar que me marcou. Um mulher numa janela, sei lá, as coisas mais estranhas.
Outras vezes são os locais que me marcam. Sou uma apaixonada pelo campo, pela natureza. E ligo sempre os modos, amores e Estados de alma das personagens ao poder da Terra, da Lua.

Tem algum tipo de rotina de escrita? 
Há anos atrás quando tinha a casa cheia com os meus filhos e dias de horários pesados levantava-me de noite para escrever. Eles recordam bem esses tempos. Hoje em dia acordo muito cedo, independentemente da hora a que me deito e é a essa hora que gosto de escrever. Ainda o dia não nasceu e é tempo de magia.

Qual foi o livro que lhe deu mais luta?
Por incrível que possa parecer, sem dúvida o “Não Digas a Ninguém”! Tinha acabado o Alma e como sempre precisava de me atirar a um novo desafio. Quando dei por mim estava novamente a escrever sobre tempos idos e coloquei a mim mesma o desafio de escrever algo contemporâneo. Mas não sei como o livro acaba por ser quase todo em diálogos e aprendi que é sem dúvida uma das formas mais difíceis de escrever principalmente quando há tantas personagens e somos obrigados a partir de dado momento a conseguir que o leitor identifique quem está a falar sem a necessidade de o nomear.

Recebe com toda a certeza feedback dos seus leitores. Tem alguma história interessante que queira partilhar?
AH! Tinha imensas, mas talvez as mais marcantes sejam sobre a Alma e os Mistérios da Vida. Recebi imensos emails, e continuo a receber de mulheres que não conseguiam parar de chorar ao ler o livro e  a quem os maridos diziam : mas se choras porque lês isso! E elas a explicarem-lhes que era um choro bom!
Mas tenho a sorte das pessoas me contactarem ou mesmo me abordarem na rua a dizerem o quanto gostam dos meus livros. É uma sensação maravilhosa!


Este foi daqueles dias que dificilmente irei esquecer. E cá estou, no meio de duas Mulheres Magníficas que muito admiro. A presença da D. Simone de Oliveira foi sem dúvida a cereja no topo do bolo!
Um grande obrigada ao Clube do Autor, e acima de tudo um obrigada especial de coração à Luísa Castel Branco por esta oportunidade. :)
Em www.bertrand.pt

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